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William MacDonald

Sobre os jogos de azar

Atualizado: 3 de fev. de 2024


Roleta de um cassino

Crédito da imagem: Warley Frota



Ao chegarmos à nossa casa, lemos no jornal a respeito de um certo operário que acaba de ganhar R$ 250.000,00. Apostando relativamente pouco, ganhou tal importância fabulosa. “Caramba”, pensamos nós, “o que eu faria com tanto dinheiro”.


Toca a campainha. Uma graciosa menina me pede para comprar um número de uma rifa beneficente, em favor de sua escola. É muito difícil dizer-lhe “não”! E é para uma causa boa!


Nossa sociedade oferece-nos toda espécie de oportunidade para “nos fazermos ricos bem depressa” ou “para ganharmos uma bolada” ou “para tirarmos a sorte grande” em algum jogo de azar.


Estes jogos vão desde corrida de cavalos até o jogo do bicho. Há os jogos preferidos nos cassinos. Há loterias regionais e nacionais. Há os jogos de bingo, muitas vezes até patrocinados por uma igreja. Pode-se apostar numa partida de futebol ou num jogo de boxe. Pode-se jogar com números ou com cartas.


O que diz a Bíblia sobre tudo isto? Será o jogo, seja sob que forma for, uma atividade legítima para alguém que leva o nome de cristão?


Embora a Bíblia não diga explicitamente “NÃO JOGARÁS”, o décimo mandamento diz: “Não cobiçarás” (Êxodo 20.17). E o jogo é uma forma de cobiça. Expressa um desejo desenfreado para a riqueza e uma insatisfação com a providência que Deus nos tem dado.


Quer dizer que eu quero enriquecer à custa dos outros, se for possível. Quer dizer também que procuro o favor da “possibilidade” e da “deusa fortuna” em vez de confiar em meu Pai celestial.


Assim, pois, todas as exortações da Bíblia quanto à cobiça aplicam-se ao jogo. Por exemplo, em Lucas 1.15, lemos: “Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que possui.”


A maneira do crente viver deve ser livre do amor ao dinheiro; deve contentar-se com o que tenha (Hebreus 13.5). E a cobiça é idolatria (Colossenses 3.5). Como já dissemos, retira de Deus Seu lugar em nossa alma e, em Seu lugar, põe o desejo de outras coisas. A cobiça anda de mãos dadas com a imoralidade, as bebedeiras, as falcatruas, e é pecado pelo qual uma pessoa pode ser excomungada da igreja local (1 Coríntios 5.11). De fato, tal é o seu mal que excluirá para sempre uma pessoa do reino de Deus (1 Coríntios 6.10). A Bíblia também diz: “Os bens que facilmente se ganham, esses diminuem, mas o que ajunta à força do trabalho terá aumento” (Provérbios 13.11).


Enquanto o trabalho honrado é criativo e produtivo, o jogo não o é. Os “ganhos” do jogo logo “voam”. A Bíblia diz: “O que se apressa a enriquecer não passará sem castigo... Aquele que tem olhos invejosos corre atrás das riquezas, mas não sabe que há de vir sobre ele penúria” (Provérbios 28.20, 22).


O motivo do jogo é a cobiça. Sendo a cobiça impura e pecaminosa, chama a maldição de Deus. Neste caso, a maldição de Deus é a pobreza. A Bíblia diz: “Como a perdiz que choca os ovos que não pôs, assim é aquele que ajunta riquezas, mas não retamente; no fim dos seus dias as deixará e no seu fim será insensato” (Jeremias 17.11). O dinheiro ganho através do jogo não traz satisfação duradoura; provavelmente trará abundância de problemas.


Depois de recordar a Timóteo que o crente deve estar contente com a comida e com a roupa, Paulo adverte que os que desejam ser ricos “caem em tentação e cilada e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição” (1 Timóteo 6.9).


O jogo sempre apresentará uma lembrança maligna para o crente, se recordarmos que os soldados romanos lançaram sortes para ver qual deles ficaria com a túnica do Senhor (João 19.23-24).


Quando alguém ganha uma “bolada”, sua “boa sorte” multiplica-se enormemente. Mas, estranhamente, nada se diz das perdas que o jogo ocasiona. Poucas vezes se fala daquele negociante italiano que, em 1974, numa mesa de roleta no Cassino de Monte Carlo perdeu 1.920.000 dólares; nem do príncipe árabe que, no mesmo ano, perdeu mais de um milhão de dólares em uma única rodada de jogos num Cassino de Las Vegas.


Poucas vezes se ouve falar dos bilhões perdidos pelos cidadãos sem destaque que jogam seus ordenados dificilmente ganhos, por causa da “falta de sorte” que tiveram.


Matematicamente, as probabilidades de alguém ganhar são infinitamente pequenas. Por exemplo, existe a possibilidade que um papaníqueis pague um milhão de dólares pela “inversão” de dez dólares, mas as as probabilidade que isto aconteça é de 1 entre 25 bilhões.


O jogo facilmente pode dominar-nos. Não é coisa estranha ver as pessoas jogando, mal gastando o seu dinheiro hora após hora. Comportam-se como num estado hipnótico, pensando provavelmente que, quanto mais tempo continuarem jogando, mais probabilidades terão de conseguir uma fortuna ou, pelo menos, de recuperar as perdas.


De vez em quando, ganham uma insignificância, somente para incentivá-las a prosseguirem no jogo. Nenhum crente deveria deixar que o poder do jogo o dominasse. Paulo adverte os coríntios quanto às coisas que poderiam escravizá-los, até mesmo certas coisas legítimas - e o jogo não é isso (1 Coríntios 6.12).


Ninguém pode calcular a pobreza e a miséria que sobre si e sobre suas famílias estão trazendo aqueles que se dedicarem ao jogo. A casa se desfaz, os alimentos escasseiam, as dívidas amontoam-se, enquanto que o ordenado é mal gasto em tentativas inúteis e fúteis de trocar da noite para o dia a pobreza pela riqueza.


Acrescente-se, ainda, as associações malignas que frequentemente são vinculadas ao jogo. Pode o crente justificar sua participação naquilo que tem o sabor de inferno?


Muitas vezes, a tentação pode vier com um disfarce religioso. “Imagine quanto você poderia fazer com este dinheiro na obra do Senhor”! É o lema antigo de “o fim justifica os meios”.


A obra de Deus não precisa do dinheiro ganho nas aventuras do jogo e, além disso, o Senhor não pode abençoar tal dinheiro porque não é dinheiro santificado.


Os que forem tentados para o jogo, deveriam levar bem a sério as palavras de Paulo: “Grande fonte de lucro é a piedade com contentamento” (1 Timóteo 6.6).


Se você é um santo e vive contente, então você tem o que o dinheiro não pode comprar. Se você é um santo, então não se aventurará no jogo e, se você vive contente, então não terá nem necessidade de o fazer e nem o desejo.


Finalmente, os que sentirem a tentação para o jogo deveriam considerar as palavras de Samuel Johnson: “O desejo para o ouro, sem sentido e sem remorso, é a última corrupção do homem degenerado.”





William MacDonald

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