“... não podes tornar um cabelo branco ou preto” (Mateus 5: 36)
Acerca dos cabelos, em Mateus 5: 36, Jesus diz que não podemos tornar um cabelo branco ou preto. Ora, naquela época, já existia a prática de pintar o cabelo. Disso se pode concluir que Jesus não falava de impossibilidade fática, mas da impossibilidade moral de pintar os cabelos, ou seja, as pessoas não podiam pintar os cabelos sem afrontar a Deus.
Aqueles que se preocupam em esconder a velhice são mundanos, como, por exemplo, as mulheres que não querem dizer a idade, os que pintam os cabelos brancos e os que fazem cirurgia plástica. Todos eles estão afeiçoados a essa vida terrena. Paulo explica qual deve ser a perspectiva do crente:
“Por isso, não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.... não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais e as que se não vêem são eternas” (II Coríntios 4: 16 e 18)
Alguns têm cabelos brancos bem cedo, enquanto outros envelhecem e quase não possuem cabelos brancos. Todos devemos aceitar a natureza das coisas.
Jesus apareceu a João de cabelos brancos (Apocalipse 1: 14). Os seus cabelos brancos faziam parte de sua aparência glorificada. Talvez nós também iremos ter cabelos brancos na glória. Nessa hora, como ficarão os que se envergonharam na terra de seus cabelos brancos?
A igreja foi representada no céu na figura de vinte quatro anciãos (Apocalipse 4: 4). Pastores, ainda que jovens, como Timóteo e Tito, eram chamados de anciãos (presbíteros), e isso era para eles uma honra.
O salmista se alegra na oportunidade que teve ao longo da vida, desde a sua mocidade, de pregar as maravilhas do Senhor. De cabelos brancos, ele pede que o Senhor o revigore, tudo isso para que possa continuar a anunciar as grandezas de Deus na sua geração e na seguinte.
“Ensinaste-me, ó Deus, desde a minha mocidade; e até aqui tenho anunciado as tuas maravilhas. Agora, também, quando estou velho e de cabelos brancos, não me desampares, ó Deus, até que tenha anunciado a tua força a esta geração, e o teu poder a todos os vindouros.” (Salmo 71: 17-18).
Notemos que o salmista não pede a Deus para não deixar seus cabelos ficarem brancos, mas, sim, para que possa pregar com vigor.
Há pessoas que estão muito preocupadas em esconder seus cabelos brancos e pouco preocupadas em pregar o evangelho. Querem a aparência jovem, não a força da juventude, e, se querem a força da juventude também, é apenas para usufruírem do mundo.
Nós estamos precisando de crentes que possam olhar para trás e constatarem uma vida de serviço a Deus. Precisamos de pessoas que queiram saúde e força para pregar, para fazer a obra de Deus.
Meus irmãos, nós temos que correr contra o tempo. As oportunidades estão escapando entre os dedos. Almas estão perecendo por causa de nossa omissão. Vamos pedir perdão a Deus por cada minuto perdido, por cada omissão, por nossa lentidão.
Eu não posso acreditar que tenha real interesse na obra de Deus um homem ou uma mulher que pinta os seus cabelos para esconder a velhice, que perde tempo e dinheiro em cabeleireiro ou “fazendo as unhas”.
Eu lamento que os jovens estejam procurando igrejas clubescas, buscando programações e divertimentos, não o evangelismo e a obra missionária. Eu me entristeço pela vaidade e orgulho de muitos pastores que se exaltam a si mesmos, que não gostam de falar sobre o que é certo, mas de dizerem que fazem o que é certo. Eles são homens que gostam de homenagens, que gostam de estar entre os “ilustres” das colunas sociais.
Precisamos de crentes sinceros, pessoas que tenham paixão pelas almas. Precisamos de homens que orem com o coração, não com discursos artificiais e palavras elaboradas. Necessitamos de obreiros que saibam o que é gemer em súplicas no altar de Deus, não de pessoas que usam a oração como instrumento de sociabilidade.
Que Deus nos dê o privilégio de envelhecer com o vigor de João Wesley ou do general Booth. Que as linhas do nosso rosto envelhecido tragam o registro de uma vida consagrada a Deus. Que a brancura de nossos cabelos dê testemunho de nossa pureza e da glória que nos espera!
Oh, Deus! Ajuda-nos!
“... Fiz-me tudo para todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns” (I Cor. 9: 22)
“Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós” (Gálatas 4: 19)
Concluo com as lindas palavras do Rev. Stanley Jones:
“Sério problema é ver o nosso organismo começar a perecer e a decair. Podemos afasta-lo por meio de subterfúgios que a ciência oferece a fim de modificar o rosto, e por meio de cosméticos. Mas a batalha é perdida, e compreendemos, afinal, que seremos derrotados. Esse problema é sério se nossa vida for escrava das aparências. Suponha-se, porém, que não o seja. Nesse caso, poderemos encarar a velhice que se aproxima com um sorriso, ou melhor ainda, com verdadeira alegria."
“Cada período da vida oferece uma oportunidade para fazer alguma coisa que é impossível em qualquer outro. Na juventude, oferecemos a Deus o nosso entusiasmo; na velhice oferecemos a ponderação, a experiência, a simpatia – qualidades impossíveis de oferecer em outra época."
“Envelhecer, não somente em graça, mas também em gratidão, é o privilégio do cristão. Pois o cristão não deve suporta a velhice; deve usa-la..."
“Sim, a velhice tem o privilégio de penetrar nos santuários das almas de pessoas, inescrutáveis para a juventude. Por isso, toda vez que olho no espelho e vejo o cabelo tornar-se grisalho, somente me alegro. Regozijar-me-ei quando for todo branco! Pois todo ano da vida tem sido mais belo que o anterior, e por que não o seria até o fim - o fim que é apenas um novo começo?”
Pastor Glauco Barreira M. Filho (11.11.2010)
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