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Foto do escritorPastor Glauco Barreira M. Filho

Ricardo Gondim: um homem a ser ignorado


Ricardo Gondim, Igreja Betesda | Foto: Reprodução Instagram



Em uma entrevista para Carta Capital, Ricardo Gondim disse com orgulho: “Fui eleito o herege da vez”. Transcrevo abaixo uma parte da entrevista:


“O senhor é a favor da união civil entre homossexuais?


RG: Sou a favor. O Brasil é um país laico. Minhas convicções de fé não podem influenciar, tampouco atropelar o direito de outros. Temos de respeitar as necessidades e aspirações que surgem a partir de outra realidade social. A comunidade gay aspira por relacionamentos juridicamente estáveis. A nação tem de considerar essa demanda. E a igreja deve entender que nem todas as relações homossexuais são promíscuas. Tenho minhas posições contra a promiscuidade, que considero ruim para as relações humanas, mas isso não tem uma relação estreita com a homossexualidade ou heterossexualidade.”


O sr. Ricardo Gondim quer aparecer como um “Leonardo Boff” ou “Rubem Alves” no cenário evangélico. Afinal de contas, as posições de Boff e Alves lhes renderam muito sucesso editorial e financeiro. Agora, porém, que as críticas eclesiásticas veementes de Alves e Boff já estão manjadas, eles se entregaram à literatura de “auto-ajuda”. Gondim quer investir no espaço que eles abandonaram.


Ricardo Gondim não é um herege em sentido próprio (ele está abaixo disso), mas, antes, age como um homem tolo que nunca conheceu o evangelho redentor de Cristo, usando a sua facilidade de comunicação para chamar a atenção do público para as suas opiniões heterodoxas, tornando-se semelhante aos que querem ser vedetes.


Ricardo Gondim não tem mais relevância nos meios evangélicos. O crescimento do neo-pentecostalismo o fez insignificante. Quem se encontra em tal situação deve ter muita saudade dos holofotes. Há inúmeros ministros evangélicos que possuem inúmeras titulações acadêmicas no mundo secular, mas isso não inquieta a sua fé conservadora. Gondim, porém, como muitos pseudointelectuais do Brasil (cheios de baixa estima), não pode conseguir um simples mestrado em ciências da religião sem deixar de falar como um “moderninho”, deixando se contextualizar com a cultura secular. Ele não percebe que está se unindo aos neo-pentecostais, já que, com exceção de Silas Malafaia, os outros estão indiferentes aos temas morais, e o próprio Edir Macedo defende o aborto, sendo também aliado político do partido que defende o casamento gay.


O sr. Ricardo Gondim não percebe quantas bobagens fala. Em primeiro lugar, ele não percebe que o Estado é laico, mas existe um Direito Natural em que o Direito Positivo deve se pautar. Uma relação homossexual não gera filhos por impossibilidade biológica, logo é contra o Direito Natural falar em casamento gay, tendo em vista que o casamento tem por objetivo a constituição da família. Entre os gregos pagãos houve muita homossexualidade, mas eles nunca cogitaram de um casamento entre homossexuais. Além disso, como a objeção ao casamento gay pode ser objeção a direitos dos homossexuais se ainda não existe nenhum direito legal ao casamento gay? Como podem ter um direito que ainda não é direito?!


Não há nenhum impedimento jurídico para as relações homossexuais no Brasil. O que há é inexistência de formalização dessa união. Os parceiros homossexuais poderiam resolver o problema de um patrimônio comum no campo do Direito das Obrigações, mediante formas contratuais, mas eles querem equivalência com o casamento para desnaturar essa instituição. O que eles querem não é satisfazer uma aspiração social legítima, mas, sim, avacalhar uma instituição de tempos imemoriais, que tem um sentido próprio e histórico. O que Gondim acha dos direitos dos pedófilos? Por que um adulto não pode corromper um menor? Por que um menor não pode livremente antecipar a experiência sexual com um adulto? Por que não liberar as drogas, o suicídio assistido e tudo mais?


Ricardo Gondim diz que sua fé não pode interferir nas suas posições na esfera pública. Ele não percebe que o movimento gay também age por uma fé. O movimento gay tem uma concepção moral, antropológica e filosófica. Por que a cosmovisão cristã não deve ser assumida pelo cristão na esfera pública e a cosmovisão dos incrédulos deve ser levada em conta? É a fé cristã inferior às ideologias das religiões seculares? Por que os cristãos são cobrados (como tais) para se envolverem em obras sociais na esfera pública e não podem manifestar a sua posição em outros temas?


Gondim diz que as aspirações dos grupos gays devem ser consideradas. Ele desconhece o poder de institucionalização do Direito, o qual foi salientado pelo sociólogo Pierre Bourdieu. Uma vez que seja oficializado o casamento homossexual, nós teremos muita dificuldade de ensinar aos nossos filhos uma concepção bíblica de casamento. Será que os pais não têm direito a que seus filhos obtenham socialmente uma correta visão do casamento e da família?


O que vemos hoje são pastores, cujos filhos se desviaram do evangelho para se entregarem ao “mundão”, defenderem a institucionalização de formas adulteradas de casamento e família. Eles pensam que, se a família deles fracassou, a de todos também têm que fracassar.


Lembro-me de ter ouvido Ricardo Gondim dizer (em Fortaleza) que a experiência do “batismo no Espírito Santo” o libertara de uma forma hipócrita de vida cristã que incluía a ingestão de bebida alcoólica. Muitos anos depois, ele não condenava mais a bebida, desde que houvesse “moderação”. Houve um outro tempo em que ele disse que se desviara nos EUA, mas depois “voltou”. O homem já foi presbiteriano, pentecostal de linha clássica, pentecostal mais liberal... Houve tempo em que quis ser chamado de “evangelical”... Depois, vieram novas mudanças (Teologia Relacional, Teologia da libertação (?)). Já foi contra bebida alcoólica, mas mudou de opinião. Já foi contra danças na igreja, mas mudou. Já foi contra o rock evangélico, mas mudou. Já escreveu sobre o “Orgulho de ser evangélico” e sobre “Deus nos livre de um Brasil evangélico”. Quem pode saber o que ele vai ser amanhã?


Gondim não conhece acerca do que fala. Parece que o seu esnobismo o impede de enxergar a ilogicidade de seus argumentos.


Acredito que o povo verdadeiramente evangélico (que não inclui os neo-pentecostais nem os colegas de Ricardo Gondim) deve continuar pelejando pela verdade, mas devemos ignorar Ricardo Gondim. Ele quer ser visto! Vamos tratá-lo como um pseudointelectual que fala para os ventos! Se o que ele diz fosse dito por um não religioso, isso não chamaria a atenção de ninguém. Ele não seria nem entrevistado. Ele aproveita o cargo religioso para falar coisas incompatíveis com o cargo, tudo isso para ser atraente! Vamos dar um gelo nele! É mais um incrédulo falando! Ele não está dizendo nada de novo, mas está repetindo sem criatividade o que inúmeros incrédulos já disseram antes dele! Vamos debater com os incrédulos assumidos, não com um incrédulo oportunista que se faz de crente!





Pastor Glauco Barreira M. Filho (01.05.2011)

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