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Foto do escritorPastor Glauco Barreira M. Filho

Quem disciplina: os pastores ou a igreja?

Atualizado: 22 de ago. de 2023


Pastor com Rebanho de Ovelhas (1884) de Vincent van Gogh



“Que quereis? Irei ter convosco com vara ou com amor e espírito de mansidão?” (I Cor. 4: 21)


A verdadeira igreja é a que prega a Palavra, administra corretamente os sacramentos, exerce a disciplina e sofre perseguições. Queremos destacar no artigo de hoje a terceira característica, colocando a pergunta sobre quem é o responsável pela disciplina na igreja do Senhor.


A disciplina é representada na Bíblia pela “vara”. Isso já traz um forte elemento para uma resposta à pergunta colocada, pois a vara e o cajado são instrumentos de uso do pastor e não das ovelhas (I Samuel 17: 15, 40, 43; Salmo 23: 1, 4).


A Bíblia ensina que os pecados públicos devem ser objeto de disciplina imediata, quando não há arrependimento ou quando geram escândalos. Acerca de um membro que havia caído em pecado público, Paulo falou aos coríntios:



“Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, juntos vós e o meu espírito, pelo poder de nosso Senhor Jesus Cristo, seja entregue a Satanás para a destruição da carne, para que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus.” (I Cor. 5: 4 e 5).



Notemos que Paulo sozinho já havia estabelecido a disciplina daquele homem:



“Eu, na verdade, ainda que ausente no corpo, mas presente no espírito, já determinei ...” ( I Cor. 5: 3).



A palavra de Paulo em I Cor. 5: 4 e 5 foi para que a igreja seguisse a disciplina que ELE JÁ HAVIA DADO, pois, se a igreja não a APLICASSE, ela não seria funcional. Paulo não manda a igreja se reunir para decidir, mas ORDENA a ela o que fazer, usando, inclusive, o nome de Jesus (“Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo...”).


Paulo manda que a igreja de Corinto TAMBÉM entregue o impenitente a Satanás, pois ele JÁ havia entregado, e ela devia SEGUI-LO NA SUA DECISÃO. Vejamos como Paulo, na qualidade de ministro do evangelho, tinha o poder de entregar a Satanás:



“E entre esses foram Himeneu e Alexandre, os quais eu entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar” ( I Timóteo 1: 20).



Em matéria de disciplina, Paulo não manda a igreja se reunir para decidir, mas para fazer (II Tessalonicenses 3: 14).


Interpretemos agora o que a Bíblia diz em Mateus 18: 15 – 18. Esse texto é popularmente citado como referente à disciplina. Embora ele trate também da disciplina, Jesus quis nele salientar a tolerância cristã. Isso fica ainda mais claro pela pergunta de Pedro em Mateus 18: 21-22.


Mateus 18 trata do pecado privado. Jesus quis mostrar que devemos ganhar o nosso irmão para a justiça sem tornar público o seu pecado (Mateus 18: 15). No caso de ele não se arrepender pela nossa repreensão discreta, devemos levar uma ou duas testemunhas (Mateus 18: 16). O objetivo aqui não é estabelecer um ritual de disciplina, mas mostrar o cuidado cristão para não tornar pública a miséria espiritual de um irmão. Caso, porém, o irmão impenitente não se arrependa diante das testemunhas, então, “dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano” (Mateus 18: 17). Obviamente, a igreja como um todo não vai repreender um irmão, mas, sim, os seus pastores, os quais a representam.


Devemos notar que Jesus está falando aos apóstolos (ministros) em Mateus 18. Por este motivo, ele diz “considera-o gentio e publicano”. Não é a igreja que considera o impenitente gentio e publicano, mas, sim, o ministro: “CONSIDERA-O (no singular) gentio e publicano”. A igreja, porém, deve seguir os seus ministros. Os pastores disciplinam e a igreja dá a disciplina funcionalidade.


Em Mateus 18: 18, Jesus diz “tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu”. Ora, as “chaves”, conforme o entendimento unânime dos protestantes, é o ministério da Palavra (Atos 6: 4). No Antigo Testamento, os profetas (Jeremias 1: 10) e os líderes religiosos (Mateus 23: 2, 13) tinham essas chaves. No Novo Testamento, as chaves foram dadas aos apóstolos e pastores, conforme podemos perceber no Concílio de Jerusalém (Atos 15: 6). Apenas como extensão da atuação dos pastores é que se pode falar que a igreja tem as chaves.


As chaves não foram dadas aos apóstolos e ministros como um todo, mas a cada um individualmente, como se pode ver no caso de Pedro (Mateus 16: 19), o qual fez uso das mesmas no caso de Ananias e Safira (Atos 5: 1-11). As chaves são o dom concedido pela imposição de mãos do presbitério (I Timóteo 4: 14). Grande é o privilégio e a responsabilidade de ser pastor!


Respondendo, então, a pergunta que encabeça esse artigo: OS PASTORES SÃO RESPONSÁVEIS PERANTE DEUS PELA DISCIPLINA E A IGREJA É REPONSÁVEL PERANTE DEUS POR ACOMPANHÁ-LOS NA SUA DECISÃO DE CONTEÚDO CONFORME A PALAVRA DE DEUS!





Pastor Glauco Barreira M. Filho (22.01.2009)

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