Crédito da imagem: Heberth Ventura
Os Puritanos (século XVII), quanto à escatologia, eram pós-milenistas. Acreditavam que a igreja influenciaria a sociedade no seu modo de organização através de um avivamento espiritual acompanhado de militância dos crentes na política e nas instituições jurídicas mediante cargos de influência. Eram otimistas quanto à possibilidade de triunfo da igreja no mundo. Achavam que Jesus encontraria a igreja em posição de preeminência quando viesse.
Diferentemente dos puritanos, os anabatistas eram pré-milenistas. Acreditavam que o mundo iria de mal a pior e a cristandade seria prejudicada por uma grande apostasia. Jesus voltaria para arrebatar um remanescente fiel antes da grande tribulação e, depois disso, viria o milênio.
O dispensacionalismo moderno veio do movimento dos “irmãos”, um grupo que historicamente não devia nada ao anabatismo, mas cujas doutrinas foram impressionantemente iguais a dele, mesmo em coisas bem peculiares dos anabatistas (posição da igreja em relação à política e à guerra, interpretação não calvinista da doutrina da predestinação, forma de celebração da ceia e de organização da igreja, etc.). Desse modo, consideramos o movimento dos “irmãos” como sendo anabatista. Isso é tão verdadeiro que o dispensacionalismo teve ampla difusão nos meios batistas.
Os batistas se dividem em dois grupos: os batistas gerais (originados dos anabatistas e, portanto, não calvinistas) e os batistas particulares (originado dos puritanos calvinistas). No início, os batistas gerais eram pré-milenistas, não se envolviam com política, guerra, etc. Já os batistas particulares defendiam a predestinação absoluta, eram pós-milenistas e buscavam cargos de influência. Enfim, os batistas gerais eram anabatistas e os batistas particulares eram puritanos. O que os aproximava era o batismo adulto e o governo congregacional.
A aproximação entre os batistas gerais e particulares gerou uma mistura doutrinária. Hoje, alguns batistas particulares são pré-milenistas, mas continuam buscando cargos de influência (ex.: os batistas regulares), enquanto batistas gerais estão se envolvendo com política (ex.: batista da “convenção” no Brasil).
Assim como muitos presbiterianos estão procurando resgatar o puritanismo, nós, batistas gerais deveríamos estar procurando resgatar o anabatismo. Não falo isso por saudosismo histórico, mas porque o anabatismo é o verdadeiro cristianismo.
É incoerente um crente ser pré-milenista e se envolver com política. John N. Darby e os “irmãos” sabiam disso muito bem. A igreja deve influenciar a sociedade invisivelmente como o sal que dá gosto à comida, mas nela desaparece. Creio num avivamento mundial que gerará uma última “colheita” de vidas para Deus, mas não creio que ele impedirá o curso dos acontecimentos na direção do Anticristo e do Armagedom. Só Jesus, em sua vinda gloriosa, derrotará o mal e o sistema ímpio que aqui na terra ele encontrará.
Oremos por um avivamento local que trave o desenvolvimento do mal na região em que vivemos, mas não esperemos que o curso dos acontecimentos globais seja positivo. Vamos ganhar almas, mas vamos nos afastar da política, pois, de outro modo, poderemos terminar apoiando o sistema do qual surgirá a “besta” apocalíptica.
Não somos puritanos, embora admiremos o que houve de virtuoso nesse movimento. Somos anabatistas. Nossa origem é a igreja apostólica. Nesse resgate, vamos seguir em frente, igreja Moriá!
Pastor Glauco Barreira M. Filho
Creio que o pré - milenismo correspondente à fé bíblica. O mundo está sendo preparado para o anticristo.
Ótimo texto!