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Foto do escritorPastor Glauco Barreira M. Filho

Porque não sou contra a transfusão de sangue

Atualizado: 21 de mai. de 2024


Glóbulos vermelhos

Crédito da imagem: Warley Frota



Em primeiro lugar, gostaria de deixar claro que creio no valor simbólico do sangue (símbolo da vida corrente). De igual modo acredito que o sangue não deve ser banalizado como alimento, mas entendo que a principal razão para se reverenciar o sangue é deixar claro o valor do sangue de Cristo.


Como Jesus tinha que levar os nossos pecados em seu corpo (I Pedro 2: 24), a destruição do pecado exigia o traspassar de seu corpo (Isaías 53:5), e, consequentemente, o derramamento de seu sangue (Hebreus 9: 14, 22). A reverência para com o sangue exigida dos judeus no Antigo Testamento era uma forma de eles aprenderem que o sangue de Jesus tinha valor, que sua morte expiatória não poderia ser, por exemplo, por estrangulamento. Os cristãos também foram advertidos a não banalizar o sangue como alimento, tanto para não escandalizar os judeus como para ajudar o pagão a entender o valor do sangue de Jesus ao ser o mesmo evangelizado.


O que não aceito é fazer equivalência entre o comer sangue e a transfusão de sangue para salvar uma vida. A utilização de analogia só deve ocorrer na presença de dois requisitos: semelhança entre os casos e identidade de razão. No caso, há até alguma semelhança entre comer sangue e fazer a transfusão, mas não há identidade de razão, pois a satisfação do apetite não se confunde com a salvação de uma vida. A Bíblia, por exemplo, diz que não se deve derramar sangue humano (matar). Deveria eu entender, por isso, que ninguém pode fazer exame de sangue?  O sangue tem valor simbólico, e o simbólico não está acima da moral do amor. No sábado, não se deveria trabalhar, mas Jesus disse que era lícito fazer bem no sábado, isto é, colocar o moral acima do simbólico. Lembremo-nos que Jesus disse que Davi não errou quando, para os seus companheiros não morrerem de fome, permitiu-lhes comer dos pães da proposição.


A proibição de comer sangue foi algo dirigido ao sangue de animais, embora a antropofagia seja condenada também em qualquer forma (comer a carne ou sangue humano). Em algumas ocasiões, Jerusalém foi sitiada por inimigos e os judeus por necessidade extrema comeram os seus mortos. Os profetas não condenaram a prática em si na situação extrema (era caso fortuito ou de força maior), mas explicaram que eles só ficaram nesta situação em razão de sua desobediência a Deus.


No que respeita à transfusão de sangue para salvar uma vida, observo que isso não desmerece o sangue, mas o dignifica, pois o objetivo não é satisfazer o paladar (como no caso de comer sangue), mas salvar uma vida.


A Bíblia diz que Jesus derramou sangue por nós. Na linguagem metafórica da Bíblia, crer em Jesus é comer sua carne e beber o seu sangue para viver por ele (João 6 : 53-56), ou seja, não para satisfazer o paladar. Espiritualmente, nos alimentamos do sangue de Cristo para viver por ele (João 6: 57). A transfusão de sangue para salvar uma vida é uma forma de imitar o ato de Cristo. É dar sangue para a vida e não para o paladar. Na 1a. epístola de João, cap. 3, vers. 16, a Bíblia diz que assim como Cristo deu a vida (sangue) por nós, nós devemos dar a vida pelos irmãos.


Finalmente, observo que a transmissão natural da vida se dá por transfusão de sangue, pois a Bíblia diz que os filhos são participantes comuns da carne e sangue dos pais (Hebreus 2: 14). Inclusive, o sangue da mãe mistura-se com o sangue da criança.


Em Gálatas 4: 15, Paulo diz: Qual é, logo a vossa bem-aventurança? Porque vos dou testemunho de que, se possível fora, arrancaríeis os olhos e mos daríeis. Paulo tinha uma enfermidade nos olhos (Gálatas 4: 13, 14; gálatas 6: 11), mas diz que, se fosse possível, os irmãos fariam um transplante de olhos. Note que ele não fala se fosse lícito, mas, sim, se fosse possível. A única impossibilidade na época era técnica.





Pastor Glauco Barreira M. Filho (06.11.2008)

 

 

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