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Foto do escritorHeberth Ventura

Pedro foi reconhecido como papa ?


Homem barbudo como se fosse o apóstolo Pedro

Crédito da imagem: Heberth Ventura




Os apologistas católicos são experts em argumentações fantasiosas para sustentarem seus falsos ensinos, sendo um deles a defesa do papado de Pedro. Para isso, usam, por exemplo, o texto do evangelho de Mateus 17:24-27, que narra o episódio em que cobradores de impostos se dirigem a Pedro para cobrar o imposto. Vejamos o texto em questão para avaliarmos o argumento católico e sua posterior fragilidade:


²⁴ E, chegando eles a Cafarnaum, aproximaram-se de Pedro os que cobravam as dracmas, e disseram: O vosso mestre não paga as dracmas?

²⁵ Disse ele: Sim. E, entrando em casa, Jesus se lhe antecipou, dizendo: Que te parece, Simão? De quem cobram os reis da terra os tributos, ou o censo? Dos seus filhos, ou dos alheios?

²⁶ Disse-lhe Pedro: Dos alheios. Disse-lhe Jesus: Logo, estão livres os filhos.

²⁷ Mas, para que os não escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, tira o primeiro peixe que subir, e abrindo-lhe a boca, encontrarás um estáter; toma-o, e dá-o por mim e por ti. (Mateus 17:24-27)


Diante desse texto, os teólogos católicos argumentam que o fato de os cobradores de impostos terem ido até Pedro evidencia que este tinha um papel de destaque como líder diante dos demais discípulos, afinal, perguntam esses teólogos, por qual razão estes homens falariam a Pedro e não a outro discípulo ou mesmo com todos eles, se não soubessem dessa liderança?


Ora, indagamos frente a essa questão: onde o texto citado, ou em qualquer outra passagem, afirma que Pedro tinha primazia sobre os demais por ser papa ou por ser um líder frente ao colégio apostólico? Mateus, numa outra oportunidade, lembra que era, na cidade de Carfanaum, onde Pedro tinha uma casa (Mt. 8:14) e que, nessa ocasião, Jesus estava em sua casa (Mt. 17:25). Assim, a razão por terem os cobradores de impostos ido a Pedro, e não ao próprio Cristo, por exemplo, era por Pedro estar sozinho naquela ocasião. O texto não o menciona estando com os discípulos e os cobradores se dirigindo a Pedro como o líder. Na verdade, foram até ele simplesmente por notarem que, entre os apóstolos, o destaque de Pedro se devia a sua personalidade ativa e vibrante, razão pela qual é dos apóstolos o que mais é repreendido por Jesus.


Interessante também notar que o uso desse texto por parte dos católicos para legitimar o papado de Pedro parece ser recente. Se considerarmos, entre os reformadores, como, por exemplo, João Calvino em seu Comentário de Mateus, nada é dito da primazia de Pedro a respeito desse texto do evangelista. Se os católicos da época de Calvino usavam esse texto, não deveria ele ter apresentado uma refutação para o texto em destaque? Acreditamos que a razão pela qual o reformador francês não tenha apresentado objeção a essa passagem de Mateus e a essa interpretação católica se justifica pelo fato de o texto nada defender sobre esse ensino falso do papado de Pedro.


Além disso, cabe destacar que os católicos esquecem que, em Lucas 22:24, quando há uma contenda de quem seria o maior, nada se diz de Pedro como sendo superior aos demais. Se Pedro era o papa entre eles, por qual razão contender sobre quem seria o maior?


Os católicos tentam refutar esse argumento dizendo que a razão pela qual os discípulos não perceberam Pedro como seu líder naquela passagem é porque eles ainda não entendiam a doutrina do papado. Ora, veja a falta de sentido do ensino romanista. Se, em Mateus 17:24-27, é prova de que Pedro era governante dos discípulos, só que só mais tarde é que compreenderam que Pedro era de fato seu governante, como pode, então, os cobradores de impostos que foram a Pedro como prova de que o viam como o líder se ainda não entendiam que Pedro era o líder? Os textos de Lucas 22:24 e de Gálatas 1 e 2 são suficientes para mostrar que Pedro não era visto como Papa pelos demais apóstolos.


Ademais, levemos em consideração que João é chamado, por exemplo, de “o discípulo amado”. Com isso, duas perguntas se fazem necessárias: diriam os católicos que João era o mais amado do grupo e que este discípulo tinha primazia sobre os outros discípulos? E João era superior a Pedro e mais amado do que este último? Ora, se as informações que os evangelhos trazem de Pedro confirmassem que ele era papa, o que dizer do apóstolo Paulo que repreendeu e corrigiu publicamente Pedro como está registado em Gálatas 2:11-14? E, além disso, como explicar o fato de, nessa mesma epístola, Paulo afirmar que a sua autoridade ordenava coisas sobre todas as igrejas, referindo-se ao evangelho como sendo “meu evangelho”?


Comparando o que é dito em apenas alguns textos bíblicos sobre Pedro e do que é dito a respeito de Paulo no contexto da Bíblia, a conclusão óbvia a que poderíamos chegar seria a de considerar Paulo como o verdadeiro papa, e não Pedro. Nessa direção, lançamos uma pergunta final: O que parece ser mais “papal” referir-se à sua autoridade (a de Paulo) sobre todas as igrejas (1 Coríntios 4:17, 7:17, 2 Coríntios 11:28) ou ser o primeiro discípulo (Pedro) a entrar no túmulo de Jesus após a ressurreição?



No amor do Senhor,


Heberth Ventura

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