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Foto do escritorPastor Glauco Barreira M. Filho

Os anabatistas e a predestinação



No século XVI, foi escrito o livro “Martyrs Mirror”. Esse livro traz o testemunho de mártires anabatistas desde o século I até o século XVI. Também traz diálogos que os anabatistas tiveram com os perseguidores ou inquisidores, nos quais eles expuseram o conteúdo de sua fé. A partir desses diálogos foram colecionados os artigos de fé que caracterizaram a fé anabatista. O nono artigo trata da predestinação e do livre-arbítrio.


O nono artigo diz que o homem e a mulher “não pecaram pela preordenação ou vontade de Deus”. Também diz que após a queda, os homens “não ficaram totalmente destituídos da sua sabedoria, fala e conhecimento anteriores acima de todas as criaturas, nem de seu livre arbítrio ou poder anteriores”. Embora o livre-arbítrio não atue para a salvação sem a obra do Espírito Santo, o texto diz que os homens “podem abrir a porta para a graça salutar de Deus... ou podem resistir, rejeitar e negligenciar voluntariamente esta graça oferecida e inspiração do Espírito”.


O texto reconhece explicitamente a necessidade da graça de Deus contra o pelagianismo:



“Mas os homens, vendo que estão sem a graça de Deus, por conta própria são incapazes de pensar coisas boas, e muito menos de fazer. Mas é o Deus Todo-poderoso, que através de seu Espírito de graça opera nos homens tanto o querer como o efetuar, inspira, atrai e os escolhe, e os aceita como seus filhos, de maneira que os homens são apenas os recipientes de graça salvadora de Deus. Portanto, todos os cristãos têm a obrigação de atribuir o começo, o meio e o fim de sua fé, com todas as suas boas obras, não a si próprios, mas somente à graça não merecia de Deus em Cristo Jesus.”



Contra o calvinismo, porém, conclui:



“Confessamos mais: Que esta graça salvadora de Deus não está limitada a uns poucos homens específicos... Isto se torna mais evidente ainda na vinda de Cristo, que o Deus Todo-poderoso tem proclamado a graça salvadora através do evangelho ao mundo todo, como testemunha a todas as nações, a qual retira toda a desculpa de todos os homens, e é uma prova que Deus não quer que ninguém pereça, mas que todos se arrependam e sejam salvos [...] Por outro lado, rejeitamos a crença daqueles que dizem que o Deus Todo-poderoso tem de fato feito com que a palavra de reconciliação seja pregada a todos, ou a muitos, mas, no entanto, retrai sua graça de muitos deles, de maneira que a maior parte da humanidade não pode aceitar a palavra de reconciliação e se salvar, mas pelo propósito ou conselho eterno e vontade de Deus, forçosamente serão condenados e terão que perecer eternamente... Deus estendeu sua graça salvadora não apenas aos eleitos, mas a toda a raça de Adão... ele morreu por aqueles que perecem. Sobre isso lemos: ‘Porque a graça se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens’ (Tito 2: 11)”



Conforme já comentamos, o livro “Martyrs Mirror” (Espelho dos mártires), escrito no século XVI, registrou não só os testemunhos dos mártires anabatistas, mas também a sua fé.


Os anabatistas proclamam a crença na expiação universal e na graça resistível. No artigo décimo, os anabatistas explicam a eleição dos crentes pela presciência de Deus:



“Sobre a Providência de Deus, a eleição dos fiéis e a rejeição dos incrédulos, isto nós confessamos: Assim como cremos e confessamos que Deus é onipotente, e que para ele nada é impossível; assim também ele é presciente e onisciente, de maneira que nada se esconde dele no céu e na terra, nem aquilo que acontecerá até o fim de todas as coisas, e nem aquilo que tem acontecido desde toda a eternidade. E através desta presciência extraordinária (percepção do que há de acontecer), conhecimento e sabedoria de Deus, que são insondáveis, ele viu muito bem e soube desde o princípio na eternidade até a consumação do mundo, quem verdadeiramente seriam os recipientes crentes de sua graça e misericórdia; e, novamente, quem seria achado como desprezador incrédulo e recusador de dita graça. E, conseqüentemente, ele desde o princípio e desde a eternidade sabia, previu, elegeu e ordenou todos os verdadeiros fiéis para herdar a salvação eterna através de Cristo Jesus; e por outro lado ele rejeitou todos os desprezadores incrédulos da dita graça para a condenação eterna. Portanto, a perdição dos homens vem deles mesmos, e a sua salvação somente através do Senhor seu Deus, sem ele não são capazes de fazer nada de bom.”



O mesmo artigo diz:



“Mas de forma alguma é verdade que o Deus gracioso, misericordioso e justo (que age de acordo com a sua natureza santa) desde a eternidade... ordenou... uma grande maioria da raça humana para a condenação eterna; ou, então, que havendo caído através do pecado do primeiro homem, Adão, ele permitiu que continuassem sem socorro na morte e condenação eterna... Longe de nós acreditar que o único Deus bom e justo faça isso!”







Pastor Glauco Barreira M. Filho (26.11.2009)

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2 Comments


Guest
Mar 14, 2024

Muito bom esse artigo, que Deus abençoe sua vida e lê conseda graça para escrever mas artigos assim pastor.

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Heberth Batista
Heberth Batista
Aug 23, 2023

Texto esclarecedor.

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