Crédito da imagem: Heberth Ventura
O literato Carlyle disse que os protestantes dos séculos XVI – XVIII tinham uma estrutura psíquica de heróis. Isso se demonstrara tanto na coragem de Lutero em Worms como na firmeza dos mártires ingleses durante do reinado de Maria, a sanguinária. Li uma vez um historiador dizer que os protestantes tinham “nervos de ferro”.
Essa estrutura psíquica fortalecida por uma crença na soberania de Deus e em uma vocação pessoal fazia o protestante acreditar que certas vitórias seriam alcançadas até mesmo quando o contexto parecia torná-las impossível. John Knox, o grande reformador escocês orava pela Escócia, dizendo: “Dá-me a Escócia ou morrerei”. Num primeiro momento, ele parecia ter condições de reformar a nação, mas a perseguição despontou. Após isso, ele foi preso e enviado às galés. Dentro de grandes embarcações, remando com várias correntes e sob a inspiração do chicote, ele ainda falava para os outros presos que sairia daquela condição e levaria a Escócia à Reforma. As suas palavras eram objetos de risos e zombaria, mas ele conseguiu de algum modo se libertar e voltar a Escócia. Depois disso, o país abraçou a Reforma a ponto de sua rainha católica dizer preferir enfrentar os canhões da Inglaterra a uma pregação de John Knox.
Quando estive na Wittemberg na Alemanha, eu fiquei espantado com a insignificância daquela cidade. Foi lá onde Lutero pregou, foi de lá onde ele abalou toda a Europa. Um homem conseguiu mudar o mundo a partir de uma simples cidade interiorana.
Os puritanos foram muito influentes sobre a Inglaterra. Chegaram mesmo a transformá-la temporariamente em uma República. A influência espiritual misturou-se com a política. Por causa disso, Deus os puniu. Eles não souberam manter-se na conquista que Deus lhes dera, mas procuraram uma outra que não pertence à igreja. Com o restabelecimento da monarquia, eles perderam o prestígio e a influência. Rejeitados, eles partiram para a América, onde agora estava o propósito de Deus para eles. Foi essa ida para os E.U.A. que permitiu a esse país tornar-se uma grande nação.
No lugar em que a Reforma chegava, grandes universidades surgiam. O conhecimento e o progresso acompanhavam a sua mensagem. Enquanto o temor de Deus mantinha essas conquistas, elas representavam a glória de um povo.
Os judeus, inspirados na promessa de Deus a Abraão, superaram mais crises que qualquer outro povo na história. Empobrecidos num dia por confiscos, eles enriqueciam no outro pela diligência e pelo trabalho.
Um dos grandes desafios que pesam sobre mim é pregar a mentalidade bíblico-reformada ao povo brasileiro, acostumado a viver na irresponsabilidade, na preguiça e na desonestidade. Aqui, o que consegue coisas sem trabalhar (ganha na loteria, casa com um gringo, etc) ou sem produzir para a sociedade (o jogador de futebol, o político oportunista) é saudado como esperto. As pessoas têm mentalidade de aventureiro, querem vitórias imediatas, sem trabalho e dedicação.
A “mente protestante” envolve a crença em um futuro controlado por Deus e em uma vocação pessoal do cristão que não pode ser detida pelo mundo ímpio. Essa crença, porém, não gera acomodação, mas, sim, confiança ativa. Ela não atrofia, mas desafia. Ela leva o cristão a pensar o futuro não em termos contábeis a partir de suas “possibilidades reais”, mas, sim, em termos espirituais, a partir dos recursos infinitos de Deus.
Pastor Glauco Barreira M. Filho
Glória a Deus 🔥
Palavra bem oportuna. Louvado seja Deus 🙌
"A “mente protestante” envolve a crença em um futuro controlado por Deus e em uma vocação pessoal do cristão que não pode ser detida pelo mundo ímpio. Essa crença, porém, não gera acomodação, mas, sim, confiança ativa. Ela não atrofia, mas desafia. Ela leva o cristão a pensar o futuro não em termos contábeis a partir de suas “possibilidades reais”, mas, sim, em termos espirituais, a partir dos recursos infinitos de Deus." Palavra sempre atual e inspirativa para o tempo no qual vivemos.