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Foto do escritorPastor Glauco Barreira M. Filho

O único caso que legitima o divórcio



“Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim. EU VOS DIGO, PORÉM, que qualquer que repudiar SUA MULHER, não sendo por causa de FORNICAÇÃO, e casar com outra, comete ADULTÉRIO; e o que casar com a repudiada também comete adultério” (Mateus 19: 8-9).



No texto acima, Jesus contrasta a permissão de Moisés com a prescrição de sua autoridade (EU VOS DIGO, PORÉM). É a mesma construção gramatical adotada nas passagens do Sermão do Monte (Mateus 5: 27, 28, 31, 32, 33, 34, 38, 39). Jesus fala que só é possível o repúdio (divórcio – Mateus 19: 7) em um único caso: fornicação. O repúdio só pode acontecer se primeiro houver casamento. Por isso, Jesus fala daquele que repudia SUA MULHER. Essa SUA MULHER está especificada no versículo 5: “...Deixará o homem pai e mãe, e se UNIRÁ A SUA MULHER, E SERÃO DOIS NUMA SÓ CARNE”. O que repudia a esposa e casa com outra, sem que tenha havido fornicação, comete ADULTÉRIO. Ora, ele só poderia cometer adultério se fosse casado com a mulher a quem repudiou.


Em Mateus 5: 32, Jesus diz: “Qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se ADÚLTERA”. Se o que repudia sem motivo expõe a mulher ao ADULTÉRIO, então ele mesmo era casado com ela. Tanto em Mateus 19 como em Mateus 5, entretanto, Jesus reconhece a exceção para repudiar a mulher e casar COM OUTRA (caso de fornicação).


Porque Jesus falou em fornicação e não em adultério? Porque fornicação é termo mais abrangente que adultério. Fornicação é gênero e adultério é espécie. O adultério é traição do voto conjugal com pessoa do sexo oposto. A fornicação inclui o adultério, mas também envolve a traição com outra pessoa do mesmo sexo (homossexualismo) e o bestialismo (relações com animais). No caso do solteiro, a fornicação é o sexo antes do casamento. Enfim, a fornicação envolve todas as “relações sexuais ilícitas”. Em I Cor. 5: 1, a Bíblia chama de “fornicação” (grego: porneia) uma relação adúltera existente entre um homem e a esposa de seu pai:



“Geralmente se ouve que há entre vós fornicação, e fornicação tal, que nem ainda entre os gentios se nomeia, como é haver quem abuse da mulher de seu pai” (I Cor. 5: 1).



Há um versículo na Bíblia em que fica claro tanto a legitimidade do divórcio no caso de fornicação como a igualdade entre adultério e fornicação. É o próprio Deus quem metaforicamente aparece como alguém que se divorcia:



“E vi que, por causa de tudo isto, por ter cometido ADULTÉRIO a rebelde Israel, a despedi, e lhe dei a SUA CARTA DE DIVÓRCIO, que a aleivosa Judá, sua irmã, não temeu; mas se foi e TAMBÉM SE PROSTITUIU” (Jeremias 3:8).



O evangelho de Mateus foi o primeiro evangelho a ser escrito de acordo com os mais antigos pais da igreja. Ele fala da cláusula de exceção que autoriza o divórcio no caso de fornicação em duas passagens (Mateus 5 e Mateus 19). Os outros evangelistas não se preocuparam em repetir o que Mateus deixou claro. A preocupação deles foi a de ressaltar outros aspectos. Desse modo, enquanto Mateus só fala acerca de o HOMEM repudiar a sua mulher, Marcos omite a cláusula de exceção na sua narrativa, mas mostra que as regras de Jesus valem tanto para o homem como para a mulher (Marcos 10: 11-12). Além disso, a intenção de Marcos não é falar do REPÚDIO, mas daquele “que DEIXA a sua mulher e casa com outra” e da “mulher que DEIXA o marido e casa com outro”. Não se está falando de alguém que se divorciou, mas de alguém que deixou o cônjuge para ir após outra pessoa. Lucas, por sua vez, fala dos dois casos:



“Qualquer que DEIXA sua mulher e casa com outra adultera; e aquele que casa com a REPUDIADA PELO MARIDO (caso de fornicação) adultera também” (Lucas 16: 18).



Em Romanos 7: 2, Paulo diz que “enquanto o marido viver, a mulher está-lhe ligada pela lei”. Alguns perguntam sobre o porque de Paulo não ter falado do fim do casamento no caso de adultério. É oportuno lembrar, entretanto, que Paulo fala da ligação entre Homem e Mulher pela LEI, isto é, pela LEI DE MOISÉS. Ora, a lei de Moisés permitia o divórcio conforme revela a indagação que os fariseus fizeram a Jesus em Mateus 19. Na verdade, Paulo não fala sobre o adultério porque mencioná-lo seria torná-lo uma normalidade. Além disso, pode haver o adultério sem que o inocente queira o divórcio. Paulo fala do normal, do padrão de Deus (no qual não se supõe o adultério). Nesse caso, o casamento dura até a morte. Por outro raciocínio, lembramos que a lei sentenciava a morte a pessoa adúltera. Assim, quando alguém se divorcia pelo fato de o outro adulterar é porque o adúltero está morto segundo as regras da lei.


MARTYN LLOYD-JONES, em seu livro “ESTUDOS NO SERMÃO DO MONTE”, explica a cláusula de exceção estabelecida por Jesus em Mateus:



“O princípio seguinte reveste-se da mais capital importância. Só existe uma razão legítima para o divórcio – aquilo que é aqui chamado de ‘relações sexuais ilícitas’. Ora, nem preciso enfatizar toda a urgente relevância de todo esse ensinamento. Vivemos em uma época em que as condições se têm tornado caóticas quanto a essa questão do divórcio; e ainda há propostas da parte dos legisladores, que tendem por facilitar ainda mais o divórcio, propostas essas que só servirão para agravar ainda mais o problema. Eis o ensino de nosso Senhor no tocante ao tema. Segundo Ele, só existe um motivo para o divórcio. Sim, há um motivo; mas somente um. E esse motivo é a infidelidade conjugal por parte de qualquer dos cônjuges. Esse termo ‘relações sexuais ilícitas’, é inclusivo e realmente significa infidelidade da parte de um dos cônjuges. ‘Qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera’ (Mateus 5: 32).... O divórcio, quando legítimo, põe fim a toda e qualquer vinculação anterior, segundo ensinou o próprio Senhor Jesus. O relacionamento daquele homem para com a sua esposa tornou-se o mesmo como se ela tivesse morrido; e este homem inocente tem o direito de casar-se de novo. Mais do que isso, se ele é um homem crente, então tem o direito de ter um casamento cristão. Porém, nesse caso, somente ele teria esse direito, e não ela; ou vice-versa, caso o culpado tivesse sido o homem.”



Salientamos, finalmente, que a exceção que autoriza o divórcio é uma prática (relações sexuais ilícitas, fornicação), não um ato isolado. É sempre um dever cristão perdoar aquele que se arrepende.





Pastor Glauco Barreira M. Filho

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