Crédito da imagem: Warley Frota
Os calvinistas não distinguem chamado eficaz de chamado efetivo, o que os leva a crer que Deus só opera para a salvação nos eleitos. Para essa concepção, o chamado de Deus não poderia não ser eficaz. Logo, se só alguns são convertidos, então, somente alguns recebem o chamado eficaz de Deus. Os não eleitos apenas ouviriam o chamado da palavra escrita, mas não teriam o chamado pessoal do Espírito Santo em seus corações.
Os anabatistas, bem como muitos luteranos, distinguem o chamado eficaz do chamado efetivo. Assim, como a palavra divina é intrinsecamente viva e imutável, ela sempre se faz acompanhar do poder do Espírito Santo. As promessas de Deus em sua palavra, bem como seu chamado nela contido, não são cínicos.
Como o chamado de Deus, através do Espírito, vem acompanhado de todas as condições para o homem se converter, ele é sempre eficaz. Se o homem não resistir ao Espírito, é certo acontecer o que Deus prometeu para ele. Se alguém vai para o inferno, não é por falta de chamado eficaz, mas por resistência e desobediência.
O chamado efetivo é o chamado correspondido, o que resulta em conversão. O teólogo luterano Edward W. A. Koehler disse:
“O convite é sempre EFICAZ, isto é, em virtude das bênçãos que livremente oferece e por causa do poder de Deus que opera nele, é sempre capaz de operar aceitação no coração dos seres humanos." (Hebreus 4: 12; Romanos 1: 16; II Timóteo 3: 15)
“O fato de o convite do evangelho não ser sempre EFETIVO, ou de não produzir sempre no coração do ouvinte o efeito desejado, de modo nenhum se deve à falta de sinceridade da parte de Deus, que chama, nem é devido à falta de poder no evangelho, pelo qual os seres humanos são chamados, senão que é devido exclusivamente à vontade perversa do ser humano. ‘Vós não quisestes!’ (Mateus 23:37); ‘Vós sempre resistis ao Espírito Santo’ (Atos 7: 51). Assim, a conversão do ser humano, que Deus quer efetuar através do evangelho, pode ser frustrada e, muitas vezes o é pelo ser humano, porque influências inibitórias, tais como autojustiça, amor ao pecado, orgulho, desespero, etc., dominam o coração, não permitindo que a palavra crie raiz.”[1]
Pr. Glauco Barreira M. Filho (03.06.2010)
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[1] KOEHLER, Edward W. A. Sumário da Doutrina Cristã. Trad. Arnaldo Schüller. 3a ed. Porto Alegre: Concórdia, 2002, p. 103.
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