Crédito da imagem: Heberth Ventura
O calvinismo ensina que a soberania de Deus determinou salvar a alguns e a outros não. A própria possibilidade-efetivação da salvação só está reservada a alguns. Jesus teria morrido apenas por um grupo seleto que inevitavelmente será salvo. Os demais estariam irremediavelmente condenados. A eles não se ofereceria nenhuma possibilidade de perdão pelo arrependimento, pois Jesus não teria morrido por seus pecados.
Nós não negamos a soberania de Deus, mas cremos que Ele, em sua soberania, determinou não violar a liberdade humana. Nós não cremos em graça irresistível, mas cremos em graça preveniente ou livre graça. Isso significa que Deus oferece a todos pelo evangelho a graça necessária para que possam se arrepender e crer em Cristo. A soberania de Deus, porém, se manifesta, além da liberdade humana, na determinação do meio de salvação. Deus decretou a morte de Jesus como caminho para o céu. Não somos livres para escolher o meio pelo qual queremos ser salvos, mas podemos apenas escolher ou rejeitar o meio que Deus determinou.
Uma das coisas mais difíceis de entender no calvinismo é a necessidade da oração a favor da salvação dos pecadores. Porque orar pela salvação de alguém que de qualquer modo vai se converter e porque orar por aqueles que nunca poderão converter-se?
Já que não sabemos quem são os eleitos, não poderíamos estar gastando tempo em oração por alguém que nunca terá chance de salvação? Não nos aventuramos a orar por um não eleito e, assim, orarmos contra a vontade de Deus?
Os calvinistas não percebem que sua doutrina os faz incorrer na mesma crítica que eles fazem aos católicos quando os últimos oram pelos mortos. Os calvinistas dizem aos católicos que não se deve orar pelos mortos porque o destino deles já está determinado de forma irreversível. Ora, esse argumento também se volta contra o calvinismo até para orar por pessoas vivas.
O calvinismo ensina que Deus faz tudo eficaz. É dito que Jesus não morreria por pessoas que não fossem necessariamente salvas. Mas, ao mesmo tempo, o calvinismo ensina que Deus nos mandou orar por todos os homens, embora o Senhor só queira salvar os eleitos!
Para o calvinismo, entre os motivos da oração não se encontra o amor pelas almas, já que a oração não muda o destino delas. O único motivo para orar é obedecer a Deus, cumprindo um dever. Trata-se da ética do dever, não do amor. O puritano (calvinista) Thomas Goodwin (a quem admiro por outras coisas) disse o seguinte sobre a oração:
“De modo que oramos por muitos, sem conhecer e sem saber quem são os que estão ordenados para a vida eterna, o que não deve impedir que oremos por eles... Deus exige de nós outros a oração como um DEVER, como um meio externo ordenado por Ele, do qual as vezes se vale para fazer que as coisas ocorram, mas isto não quer dizer que dito meio seja sempre seguro e infalível, como se Ele se houvesse comprometido universalmente a fazer que ocorra tudo quanto se pede.”
Eu não posso crer que Goodwin esteja certo. Se nós oramos por um pecador, Deus lhe oferecerá os meios da graça para se salvar, embora a pessoa possa não se valer deles. Não posso acreditar que Deus nos peça para fazer orações inúteis:
“... A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” (Tiago 5:16).
As orações dos apóstolos e do Senhor não pareciam motivadas apenas pelo DEVER, mas também pelo AMOR:
“Que tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração. Porque eu mesmo poderia desejar ser anátema de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne.” (Romanos 9: 2-3)
“Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é para a sua salvação.” (Romanos 10:1)
“Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha os seus pintinhos debaixo das asas, e não quiseste?” (Lucas 13:34).
A Bíblia diz que Deus é AMOR!
Eu reconheço que muitos calvinistas ao longo da história tiveram um profundo amor pelas almas, mas isso não aconteceu porque eram calvinistas, mas apesar se serem calvinistas! Não vamos ressaltar um dos atributos de Deus (soberania) em detrimento dos outros (amor, justiça)!
Pr. Glauco Barreira M. Filho (16.02.2011)
Muito bom .
Excelente! 👏 😀