“Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta as práticas das primeiras” (Apocalipse 2:4-5).
Uma das coisas que mais me chamam a atenção nesse versículo é a expressão: lembra-te. Arrisco-me a crer que esse é o passo decisivo para cada novo recomeço. Se pararmos para analisar o valor dessa atitude, podemos concluir que bênçãos existem para os que os que se dão à reflexão em suas vidas.
Aqui vemos Jesus falando a uma igreja, no caso a de Éfeso. No entanto, isso não nos isenta da responsabilidade de aplicarmos as palavras do Mestre às nossas vidas de um modo bem particular.
Deus nos criou com algo que, a meu ver, evidencia sua brilhante e perfeita inteligência: a mente humana, capaz de armazenar com certa precisão nossas mais valiosas lembranças, sejam elas boas ou más, e por isso, somos convidados a fazer uso dessa criação abençoada em muitos momentos de nossa caminhada cristã.
Infelizmente, há os que preenchem suas mentes com coisas que só lhe trazem prejuízos, lembrando-se de pecados e até deleitando-se neles. Outros por sua vez, insistem em recordar-se de injustiças ou danos que lhe foram causados, enveredando pelo caminho da amargura, do ressentimento e outros ainda sofrendo com recordações de pessoas que passaram na sua vida e que não mais retornarão, porém, não é desse tipo de lembrança que Jesus trata no texto citado. O Senhor nos fala de coisas que devemos lembrar que que nos induziram à queda e que nossa negligencia por vezes, insiste em nos fazer esquecer.
Três coisas importantes O Senhor nos fala. A primeira delas é “Tenho contra ti que abandonaste o teu primeiro amor”.
Conheço pessoas que no princípio de sua fé, não passariam por cima de determinados erros, por menor que estes parecerem, sem que sentissem profunda angustia. Sua sensibilidade era a evidencia do zelo que tinham pela causa de Cristo. Hoje, a ausência dessa sensibilidade é exatamente o reflexo do abandono do primeiro amor e isso leva a erros bem mais grosseiros.
A segunda advertência é “Lembra-te de onde caíste”.
Não deveríamos regressar sem que recordemos das coisas que precisam ser lembradas. É necessário lembrarmos de onde caímos. Isso exige de nós, um profundo estado de reflexão, do contrário, podemos até continuar caminhando, mas sem a abençoada experiência do arrependimento e por consequência, sem uma verdadeira mudança.
Isso me faz lembrar de uma história bem conhecida de muitos de nós cristãos, a parábola de filho pródigo. Aquele jovem, durante um período de erros em sua vida, teve uma maravilhosa experiência de arrependimento, mas para que isso acontecesse ele se lembrou de coisas que eram imprescindíveis ao seu regresso, e arrependido, retorna aos braços carinhosos do pai. Era para ele um novo recomeço.
E por último “... volta as práticas das primeiras obras”.
Em toda a sua palavra, Deus, nosso maravilhoso Criador nos convida a regressos e precisamos fazer uma avaliação diante dele. Se estamos realmente perto, em intensa comunhão, ou se estamos longe a semelhança daquele filho pródigo.
Alguém disse muito sabiamente que em nosso caminho existem pedras e ao nos depararmos com elas, o ideal não é que passemos por cima, mas que as removamos para continuarmos a caminhada. Logo, ficam-nos as indagações: as pedras do nosso caminho têm sido removidas ou simplesmente ignoradas? Existem pecados que precisam ser confessados? Erros que precisam ser abandonados? Atitudes a serem avaliadas? Então, o nosso criador não só nos convida a voltar, mas também a lembramos de onde caímos, e por fim, arrependermos.
Essa é a voz de Deus ao nosso coração: lembrai-vos!
Silvana Sales (Escrito no ano de 2011)
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