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Foto do escritorIvanildo Mendes

John Wesley e Voltaire: duas mentes que sacudiram o mundo


John Wesley (1703-1791)



A Inglaterra passou por grandes transformações durante o período caótico no século XVIII, pois este país estava mergulhado num profundo caos moral e totalmente alienados dos princípios cristãos defendidos pela Reforma Protestante. Apesar de terem abraçado a mensagem vindo da Reforma, a fé cristã pratica, a vida piedosa e o amor ao próximo na Inglaterra estavam quase extintos.


O cenário político nesse período era extremamente hostil de maneira tal que ser corrupto era visto como sinal de virtude. A sociedade inglesa estava enebriada e em profundas trevas. Desonestidade, corrupção, assaltos, imoralidades, etc., predominavam entre as classes mais altas da sociedade até as camadas mais baixas, os quais se entregavam a bebedeiras e orgias em plena luz do dia.


O cenário religioso era mais degradante ainda, pois na Inglaterra do século XVIII, os que deveriam influenciar na forma de pensar e agir da sociedade, estavam de mãos dadas na degradação moral, de tal maneira, que era quase impossível distinguir o santo do profano. O cristianismo era ridicularizado tanto pelos nobres quanto pelos próprios líderes religiosos da época. A Igreja Anglicana, que eram herdeiros da Reforma do século XVI, deixaram de exercer seu papel no mundo e, portanto, tornaram-se obsoletos e desprezíveis. Salvo algumas poucas exceções.


Os ataques contra a fé cristã e principalmente contra a Bíblia Sagrada vieram de todos os lados, inclusive dos filósofos e críticos do Cristianismo. O filósofo e político Montesquieu quando esteve na Inglaterra observou com severidade: “Os ingleses já não são dignos de sua liberdade, pois a venderam ao rei e se o monarca a devolvesse, eles a negociariam novamente”. Estarrecido, ele ainda constatou: “Não há religião na Inglaterra (...). Se porventura alguém falar em Deus na Câmara dos Comuns, todos riem (...). A condição religiosa da Inglaterra parece pior do que na França”. Thomas Hobbes, Bolingbroke, Toland, Shaftesbury, Collins, Woolston (para citar apenas alguns) todos eles teceram ferrenhamente críticas ao Cristianismo na Inglaterra.


Porém alguns servos piedosos e apologistas tais como os bispos Sherlock, Butler, Warburton, Conybeare e os leigos Gilbert West e Lord Lyttlleton saíram em defesa da fé. Escritores cristãos renomados tais como Steele, Adisson, Berkeley e Johnson passaram a opor-se escrevendo corajosamente nos periódicos contra o avanço dos vícios avassaladores.


Acima mostramos um pouco do cenário no qual os dois personagens que são o centro desse artigo terão suas impressões e deixarão suas marcas, um legado positivo e o outro um legado negativo. Os nossos olhos se voltam agora para duas mentes brilhantes de seu tempo e que estiveram, de maneira opostas, trabalhando arduamente, um para tentar destruir a fé e o outro para edifica-la. Um lutou ao lado do Senhor e o outro contra Ele. Através de seus escritos Voltaire destilava ódio e rancor contra Deus e a fé. Pelos seus escritos, John Wesley anunciava o amor de Deus aos pecadores e o novo nascimento.


François-Marie Arouet (1694-1778) mais conhecido pelo pseudônimo Voltaire foi um escritor e filosofo francês que se tornou um grande arauto do Iluminismo. Em vários de seus poemas e sátiras colocou-se como adversário do cristianismo, tecendo duras críticas e anunciando o fim da religião. Jovem de mente prodigiosa e espirito audacioso, Voltaire atraia tanto inimigos com suas criticas mordaz, quanto a simpatizantes para sua causa.



Voltaire (1694-1778)



Apesar de viver 70 anos antes da Revolução Francesa (1789) o embrião dos ideais iluministas já se podia ver em Voltaire que tinha apenas 24 anos quando sua primeira peça teatral estreou na Comédie Française. Em sua peça Édipo, Voltaire criticava a vida licenciosa e imoral do príncipe regente Filipe de Orléans, questionava a autoridade da casa real e os abusos de poder da Igreja Católica. Voltaire “profetizava” o fim do cristianismo de seu tempo, e de fato a fé estava decadente e precisava urgentemente de uma nova Reforma. Nas palavras desse escritor sagaz ele dizia: “Na Inglaterra, estão tão cansados da religião que, caso se apresentasse uma nova, ou até mesmo uma antiga, renovada, fracassaria por completo”. Devido suas críticas e disputas de poder, Voltaire foi exilado na Inglaterra em 1726 e teve suas impressões negativas do povo inglês. Coincidência ou não o mesmo período que Voltaire esteve exilado, deu-se o início em Oxford o movimento que haveria de salvar a Inglaterra da decadência moral e espiritual. Deus haveria de mostrar que o filosofo Voltaire estava errado quanto ao fim do cristianismo. Ele levantaria um arauto para restaurar a fé e o amor nos corações: o jovem de Oxford, John Wesley.


John Wesley (1703-1791) teólogo, avivalista e pai do Metodismo é sem duvida a pessoa mais ilustre de seu tempo. Deus guiou e conduziu o seu servo para o cumprimento de seus propósitos. Desde o livramento das chamas quando era criança, razão pela qual sua mãe Suzana Wesley exclamou “não é porventura um tição tirados das chamas”. Diferentemente de Voltaire, que teve uma infância marcada pelo ódio e rancor, as intrigas constantes e falta de afeto do pai, o jovem Wesley crescia num lar marcado pela fé e devoção, isso marcou grandemente sua vida. Mas apesar da enorme influência que a vida religiosa lhe cercava, todavia Wesley sentia-se extremamente perdido em seus pecados.


Wesley dedicou-se na juventude a viver com retidão e a moral cristã apartando-se da degradação moral que tomava de conta da sociedade inglesa. Wesley estudou em Oxford e na universidade entrou para o movimento chamado de Clube Santo, junto com outros jovens para crescer na graça e no conhecimento do Senhor Jesus. Enquanto as sementes da Revolução Francesa estavam sendo semeadas pelo arauto do Iluminismo, as sementes da Revolução Espiritual também estavam sendo semeadas através dos jovens estudantes de Oxford, John, Charles e George Whitefield. Após um período de crise existencial esses jovens passaram a pregar com tanta intrepidez a palavra de Deus na Inglaterra que deu início a um grande despertamento espiritual que salvaria a própria Inglaterra dos horrores de uma revolução semelhante a Revolução Francesa.


Essas duas mentes brilhantes e distintas, portanto, estariam por assim dizer destinados a trabalhar por propósitos distintos e igualmente revolucionários. O jovem Voltaire que compartilhava uma vida dissoluta, cheia de tramas, vaidades e sedução marcaria o seu tempo com uma filosofia destrutiva, rebelde e que vociferava o caos. Sua visão incrédula e materialista destituía Deus dos corações dos homens e mulheres conduzindo-os cada vez mais à escravidão dos instintos. Em seus versos Voltaire descrevia sua visão ateísta:



Sim, podemos ter fé

mas apenas em nós mesmos.

Sim, podemos olhar para frente,

mas com a nossa visão somente.

Não com falsos guias,

Nem com falsos deuses.



Mateo Lelièvre em seu livro João Wesley: sua vida e obra, comenta sobre essas duas mentes brilhantes,



“Da nossa parte, julgando suas respectivas obras pelos seus resultados, jamais hesitaríamos em dizer que preferimos em muito a obra do servo de Jesus à do filósofo. Aquele esforçou-se para trazer as almas de volta a Deus; este, para aleijá-las. Um deles trabalhou com o Senhor; e o outro, contra ele. E, ao passo que cada momento revela ainda mais o caráter funesto dos escritos de Voltaire, da mesma forma cada dia realça ainda mais a excelência da obra de Wesley”.



Que Deus possa novamente reavivar a fé cristã em nossos dias, que Ele levante novos arautos nesta geração, verdadeiros profetas intrépidos. Jovens que se entregam totalmente à causa de Deus na terra. Homens e Mulheres repletos do amor de Deus e compaixão pelos perdidos. Sejamos como o jovem Billy Graham que orou de joelhos no quarto de John Wesley e disse “faz de novo, Senhor!”. Como Habacuque que orou a Deus dizendo “Aviva a tua obra Senhor”. (Habacuque 3.2)




Servo do Senhor,



Ivanildo Mendes (20 julho de 2023)

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