Aos mais velhos

Crédito da imagem: Heberth Ventura

"E estava ali a profetisa Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Esta já era avançada em idade, e tinha vivido com o marido sete anos, desde a sua virgindade; e era viúva de quase oitenta e quatro anos, e não se afastava do templo, servindo a Deus em orações e jejuns, de noite e de dia. E sobrevindo na mesma hora, ela dava graças a Deus, e falava dele a todos que esperavam a redenção em Jerusalém”. (Lucas 2:36-38)

Normalmente, convivemos com a ideia equivocada de que, ao chegarmos numa idade mais avançada, estaremos cansados demais para nos dedicarmos as coisas concernentes ao reino e fadados a viver uma vida monótona, fria, sem sentido algum.

E por isso, é comum vermos, lamentavelmente, servos de Deus como que “aposentados” da sua vida cristã, vivendo e alimentando-se apenas das lembranças do passado.

Eu sei que, ao chegarmos na velhice não teremos mais o vigor, o ânimo e a disposição que tínhamos quando jovens. Sou consciente, por experiência pessoal que ela nos chega com algumas surpresas indesejadas: dores, fadiga, cansaço, seguidas de patologias próprias da idade.

Da perspectiva terrena, a velhice é canseira e enfado como descreveu Moisés no salmo 90, no entanto, a Bíblia nos descreve o fim dos seus dias: “Era Moisés da idade de cento e vinte anos quando morreu; os seus olhos nunca se escureceram, nem perdeu o seu vigor.” (Deuteronômio 34:7). 

Isso é maravilhoso! Graça e poder de Deus para nos fazer ultrapassar essas barreiras e nos fazer seguir triunfantes a nossa caminhada cristã.

O profeta Isaías nos consola ainda com essa gloriosa certeza: “Mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão e não se fatigarão” (Isaías 40:31). É promessa a todo aquele que nele espera.

Paulo, o apóstolo do Senhor, nos exorta maravilhosamente, ao escrever aos crentes de Corinto: “Por isso não desfalecemos; mas ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia” (2º Coríntios 4:16). Ou seja, ele não nega a realidade de que o nosso corpo está se corrompendo dia a dia, à medida que envelhecemos, porém, na mesma medida que isso ocorre, podemos experimentar em Deus uma constante renovação.

Mas, de que maneira isso nos é possível? É obvio, que não poderia ser de forma mágica, instantânea e sim, continuamente por meio de uma vida de oração, de leitura e meditação na Palavra de Deus. É preciso recorrermos diariamente a fonte, que é Cristo, lembrando sempre de sua promessa: “Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”. (João 7:38). Sendo assim, é impossível que nós, com a vida aos pés do Senhor, tombemos pelo peso da idade.

Ana, a profetisa citada por Lucas é um modelo de tudo quanto tenho falado até aqui. Aos 84 anos, tinha uma vida plena em Deus: as orações e os jejuns, faziam-na dependente de Deus, produtiva na obra e forte o suficiente para estar com perseverança na casa do Senhor.

Essa palavra de encorajamento é primeiramente para mim, e também para todos que se sintam desanimados, cansados e tentados a acharem que a velhice é o fim.

Existem promessas maravilhosas para cada um de nós: para os filhos, os jovens, os velhos e os servos. É o que nos diz o profeta Joel “E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espirito”. (Joel 2: 28-29).

Que promessa linda aos mais velhos: sonhar os sonhos de Deus! Que benção! Que honra! Que grande privilégio!

Meu desejo de todo o coração, é que O senhor faça de mim o mais próximo possível de uma Ana. Que nem o avançar da idade, nem a corrupção natural do corpo, me impeçam de ser produtiva no reino e cumprir aquilo que eu sei, seja o meu chamado, a minha vocação. Que os meus lábios não cessem de adorar, de louvar ao Senhor e afirmar com toda a convicção de que SÓ Ele pode perfeitamente salvar aquele se achega a Ele.

Que meus olhos, mesmo vencidos pelo tempo não cessem de ler a sua santa e gloriosa palavra e que a cada leitura, a cada meditação, Ele me inspire a ser um instrumento para edificação a quem eu possa alcançar.

Que O Senhor levante muitos a semelhança da profetisa Ana, pois somente assim poderemos ao fim da nossa jornada aqui na terra, afirmar como disse o apostolo Paulo: “Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está aguardada. A qual O Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda”. (2ª Timóteo 4:7-8).

Silvana Sales (21/07/2024)