“... Antes o rejeitaram e em seu coração se tornaram ao Egito” (Atos 7:39)
Gordon Fee disse em um de seus livros que a disciplina se tornaria uma coisa rara na igreja, pois, atualmente, quando alguém é disciplinado por uma congregação, ele atravessa o quarteirão e vai se congregar em outra igreja. O modo de Fee falar parece sugerir que ele queira que, em nossa criatividade, pensemos numa alternativa para a disciplina. Mas, quem somos nós para buscarmos alternativas para a Palavra de Deus? Não diziam os reformadores puritanos e anabatistas que a disciplina é uma das características bíblicas da igreja verdadeira? Não falou Jesus sobre a disciplina em Mateus 18?
Disciplina não significa apenas a excomunhão dos desobedientes, a privação de cargos e a repreensão pública. Ela também significa uma forma criteriosa de admissão de membros, uma conscientização do compromisso assumido no batismo, pregações proféticas de advertência, aconselhamento bíblico, etc.
A ausência de disciplina é tão grande hoje que ouso dizer (não em sentido bíblico) que não existem mais “desviados”.
No passado, as pessoas que se desviavam dos parâmetros espirituais e morais do evangelho não somente eram consideradas desviadas, mas elas próprias se consideravam como tais. Elas afastavam-se da congregação com vergonha (quando não queriam se arrepender). Quando eu tinha 16 anos, lembro-me que muitos desviados me ouviam quando eu e outros irmãos pregávamos na Praça do Ferreira. Eu os via de cabeça baixa e as lágrimas de tristeza descerem pelas suas faces. Muitos deles terminavam voltando para a igreja para serem os melhores crentes.
Hoje em dia, quando pessoas estão desviadas no sentido bíblico, elas não vão para o mundo, mas para uma “igreja” que as acomode em seu pecado. As “igrejas” se tornam inimigas de Deus, o maior impedimento ao arrependimento. Tais “igrejas” serão desmascaradas e condenadas no juízo. Em vez de o desviado ficar contrito e envergonhado, ele fica ressentido com a igreja bíblica que o disciplinou.
Há aqueles cujos filhos, que foram criados na igreja, se desviam na juventude. Em vez de os pais conscientizá-los de que nunca foram crentes, eles procuram uma igreja liberal onde os filhos possam continuar achando que são crentes. Esses pais estão mais preocupados em manter a reputação de uma família cristã do que com a salvação de seus filhos.
Quando alguém se interessa pelo evangelho em uma igreja bíblica, mas ainda não se desvencilhou de certos pecados, nós não devemos leva-los a igrejas que serão coniventes com os seus pecados. Se fizermos isso, nós prejudicaremos o processo de arrependimento e seremos culpados pela condenação dessa alma.
Eu conheço pessoas que vieram a nossa igreja e ouviram o evangelho bíblico. A eles chegou a convicção de pecado e a contrição. Ficaram sérias e introspectivas, começando a buscar respostas. Antes que chegassem a uma real conversão, foram levados por outras pessoas (que não se preocupam com ninguém exceto com elas mesmas) para visitarem igrejas liberais. De repente, tais pessoas saíram no estado de contrição, assimilaram o “cristianismo” carnavalesco, entregando-se a superficialidade e ao auto-engano.
A missão de uma igreja séria é muito grande nos dias atuais. Nós temos que pregar o evangelho aos que não se professam crentes e convencer a muitos que se dizem crentes que não o são ou que estão desviados. A cristandade não tem pensado como Deus. A maior parte daqueles que são simpáticos “crentes” nas igrejas não passam de desviados aos olhos de Deus!
Pastor Glauco Barreira M. Filho (03.01.2011)
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