Crédito da imagem: Heberth Ventura
A Bíblia, diferentemente do ensino calvinista, faz-nos saber que a eleição para a salvação é CONDICIONAL. Somos eleitos por Deus em razão de termos crido em Jesus Cristo. Como Deus, todavia, sendo onisciente, conhecia as nossas decisões de antemão, a Bíblia glorifica o seu conhecimento, dizendo que Ele nos elegeu ANTES DA FUNDAÇÃO DO MUNDO.
Anselmo, famoso mestre cristão do século XI, explicou que Deus sabe o futuro porque está fora do tempo, o futuro já lhe é presente:
“Quando Deus quer ou faz alguma coisa, já não há nem passado nem futuro, pois tudo é simultâneo, da mesma forma quando se diz dEle que não quis nem quererá, nem fez nem fará, mas que somente quer e faz.”
Desse modo, a Eternidade de Deus (Atemporalidade) é a razão de sua onisciência. O fato, porém, de Deus conhecer um fato futuro como já acontecido não o faz o determinador desse fato. Deus conhece nossas decisões em sua presciência e, por isso, elas acontecerão necessariamente (pois, para Deus, já aconteceram), mas isso não significa que as decisões não foram tomadas por nós livremente, já que Deus as conheceu em sua presciência como nossas decisões livres e não como determinações suas. Anselmo explica:
“...Por um lado, é necessário que o que Deus conhece de antemão aconteça e, por outro lado, que Deus sabe, também previamente, que há futuros que estão fora de toda necessidade... Responder-te-ei que não deves dizer simplesmente: ‘Deus conhece previamente que eu pecarei’, mas ‘Deus sabe de antemão que é sem necessidade que eu pecarei ou não pecarei’... pois Deus sabe de antemão que o que acontecerá ocorrerá sem necessidade. Veja que agora não há impossibilidade quanto à coexistência da presciência divina, que nos faz dizer que futuros conhecidos por ela são necessários, e o livre-arbítrio, quie faz muitas coisas sem necessidade.”
Há muita coisa que é livre e futura (para nós), mas Deus já permitiu (o futuro para ele é presente) que acontecessem conforme nossa escolha. Assim, o futuro está aberto para nós, mas está terminado no DECRETO eterno de Deus. Em nada disso, as decisões humanas são impedidas ou as possibilidades de salvação em Cristo diminuídas. Somos eleitos segundo a presciência de Deus (I Pedro 1: 2).
A eleição é CONDICIONAL porque não fomos eleitos no vazio para estarmos em Cristo, mas fomos eleitos EM CRISTO para santificação e demais aspectos da salvação. A eleição é sempre condicionada ao estar em Cristo:
“...nos elegeu NELE antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dEle em amor, e nos predestinou para Filhos de adoção POR JESUS CRISTO, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade” (Efésios 1: 4 e 5).
A eleição é condicional, mas parece também se referir à soberania de Deus (“Segundo o beneplácito de sua vontade”). Como conciliar isso?
A resposta só pode ser uma: A eleição é CONDICIONAL, mas Deus, não o homem, foi que SOBERANAMENTE ESTABELECEU A CONDIÇÃO!!
Quando Deus decidiu fazer de Cristo o meio de salvação não consultou o homem, mas o estabeleceu como tal em sua vontade soberana. O seu plano salvador não teve arquitetos ajudantes. As condições de salvação são determinadas por Deus.
Deus elege dentro das condições que ele próprio estabeleceu, por este motivo não tem sentido dizer que a doutrina bíblica da eleição CONDICIONAL coloca Deus sob condições humanas ou que, se a eleição é condicional, o homem é que escolhe a Deus em vez de Deus escolher o homem.
Se a doutrina calvinista estiver correta, então, não se pode mais pregar que o homem é salvo pela fé Cristo, pois é mais consentâneo com o pensamento calvinista dizer que o homem tem fé porque é salvo!
Pastor Glauco Barreira M. Filho (01.08.2009)
Commentaires