Crédito da imagem: Heberth Ventura
“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.” (Romanos 1: 16, 17).
A doutrina bíblica da justificação pela fé em Cristo foi a base da Reforma Protestante. Ela foi o fundamento da ruptura de Lutero com o catolicismo romano. O reformador alemão se opôs à venda de indulgências por causa desse ensino escriturístico. A sua experiência de ser justificado diante de Deus pela fé somente o levou a protestar contra as doutrinas e práticas romanistas que eram incompatíveis com essa experiência.
Para Lutero, a justificação pela fé não era apenas uma doutrina entre outras. Caso fosse assim, poderia haver algum proveito em dialogar com Roma sobre conciliação em outros pontos doutrinários. A questão, todavia, não era quantitativa, mas qualitativa, pois a doutrina da justificação pela fé é o princípio fundamental do Evangelho. Lutero disse que era o mais importante princípio hermenêutico, pois lançava luz sobre toda a Escritura. Ele chegou mesmo a asseverar que o entendimento correto desse ensino paulino decide se uma igreja está de pé ou caída.
Na linguagem da hermenêutica contemporânea, diríamos que a justificação pela fé é a pré-compreensão do evangelho que determina a tematização interpretativa de todos os demais ensinos contidos na Escritura. Paulo deixa isso claro quando, após proclamar a universalidade do evangelho (Romanos 1: 16), declara que o Evangelho é a revelação da justiça de Deus pela fé (Romanos 1: 17).
A doutrina da justificação pela fé corretamente compreendida pelo crente evangélico lhe tirará qualquer esperança de ecumenismo com o catolicismo. Na verdade, o catolicismo não precisa de ajustes através de diálogo, mas de uma reformulação global através da acertada compreensão da justificação pela fé, o que parece estar longe de acontecer.
Em um sermão pregado na Capela St. Mary, em Oxford, diante da Universidade, no dia 18 de junho de 1738, John Wesley pregou um sermão sobre o texto de Efésios 2: 8 (“Pela graça sois salvos mediante a fé”). Seguem suas palavras:
“Hoje, falaremos mais especialmente no texto ‘ Pela graça sois salvos mediante a fé’, porque a afirmação desta doutrina nunca foi tão oportuna quanto nestes dias. Nada, a não ser isto, pode efetivamente evitar o crescimento do engano romanista entre nós. Seria interminável atacar um por um os erros dessa igreja. Mas a salvação pela fé atinge a raiz e tudo mais desmorona de uma vez quando esta verdade é estabelecida.”
Ninguém se professe evangélico se for ecumênico. Ninguém se professe evangélico se não crer na justificação pela fé. Ninguém se confesse um mestre da Bíblia se não fizer desse ensino o seu princípio fundamental e hermenêutico!
Pr. Glauco Barreira M. Filho (05.09.2009)
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