Crédito da imagem: Heberth Ventura
A igreja verdadeira é aquela que prega a palavra com fidelidade (I Timóteo 4: 6; Tito 1: 9), administra corretamente os sacramentos (Mateus 28: 19, 20), exerce a disciplina (Mateus 18: 15-18; I Coríntios 5: 3-5, 13) e sofre perseguições (II Timóteo 3: 12; João 16: 33). Essa igreja deve ser uma em cada cidade (Tito 1: 5).
Dividir a igreja verdadeira em uma cidade é um grave pecado. Isso aconteceu em Corinto:
“Quero dizer, com isso, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo. Está Cristo dividido? Foi Paulo crucificado por vós? Ou fostes vós batizados em nome de Paulo?” (I Cor. 1: 12, 13).
Paulo disse que havia dissensões em Corinto (I Cor. 11: 18). Também disse que aquela situação era uma oportunidade para se ver quem era fiel a Deus, pois os sinceros se manteriam na unidade da igreja e não iriam aderir a facções:
“E até importa que haja entre vós facções, para que os que são sinceros se manifestem entre vós.” (I Cor. 11: 19)
Paulo disse que muitos de Corinto não se ajuntavam para celebrar a Ceia do Senhor, pois a Ceia do Senhor é uma celebração da unidade do corpo de Cristo (I Cor. 10: 17) e eles estavam em facções (I Cor. 11: 20). Os facciosos, por não discernirem o corpo uno de Cristo, estavam sob juízo divino (I Cor. 11: 29 e 30).
Embora a história do catolicismo não seja a história da igreja verdadeira, podemos aprender com ela. Na Idade Média, houve um cisma no catolicismo que resultou na divisão entre igreja do oriente e igreja do ocidente. Os motivos da divisão foram mais políticos que religiosos; o pretexto, entretanto, foi religioso. A grande discordância não era doutrinária, mas acerca de palavras. Uns diziam que a fórmula para definir o relacionamento da Trindade era uma, enquanto outros diziam que era outra, embora todos concordassem que pensavam a mesma coisa.
A fórmula trinitária ocidental era mais consentânea com os escritos de pais da igreja de orientação mais ortodoxa (como Tertuliano) do que a oriental, mas a oriental não era heterodoxa. Embora, em outros pontos de divergências, os orientais estivessem mais próximos da Bíblia que os ocidentais, a causa da divisão foi um ponto em que, na verdade, não divergiam.
A Bíblia nos diz que não devemos buscar contendas em palavras:
“É soberbo e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas” (I Timóteo 6: 4)
“E rejeita as questões loucas e sem instrução, sabendo que produzem contendas” (II Timóteo 2: 23)
As pessoas estão constantemente usando os termos “religião falsa”, “apostasia”, “heresia” e “cisma” sem qualquer consciência do sentido que essas palavras têm. Elas falam de uma coisa quando deveriam estar falando de outra.
Uma religião se define pela sua regra de fé. Desse modo, o islamismo, por ter como regra de fé o Alcorão (não a Bíblia), é uma outra religião que não a cristã. Á luz do cristianismo, o islamismo seria uma religião falsa.
A religião judaica, por falta, seria uma religião falsa, pois não aceita o Novo Testamento em sua regra de fé, enquanto o mormonismo e o catolicismo seriam falsos por excesso. No caso do mormonismo, há o acréscimo do Livro de Mórmom (e outros livros) ao lado da Bíblia como sua regra de fé. Já o catolicismo confere à tradição a condição de uma segunda fonte de revelação especial.
Quando alguém sai da religião verdadeira (cuja regra de fé é somente a Bíblia) e vai para uma religião falsa comete o pecado da apostasia.
A heresia só pode acontecer como uma ruptura proveniente de dentro da religião verdadeira. Um grupo que aceita a Bíblia como única regra de fé faz uma interpretação particular e equivocada de uma parte da Bíblia e, em cima dessa interpretação, reivindica distinção e autonomia.
Os hereges erram em questões fundamentais e ficam obstinados em suas opiniões.
O cisma é um crime que tem proximidade com a heresia, mas difere dela. Trata-se também de uma ruptura promovida por pessoas que saem da comunidade eclesiástica. A separação, porém, é mal fundamentada. A heresia está ligada a erros de fé, enquanto o cisma liga-se a questões de ordem, culto e disciplina.
No cisma, o problema se refere a questões não necessárias. Tal problema pode se dar de dois modos. O primeiro acontece quando certas pessoas reivindicam para a igreja como obrigatórias coisas que são moralmente indiferentes. Ao não serem atendidas, essas pessoas rompem com a comunidade. A segunda forma de cisma ocorre quando um grupo, sem motivo, discorda de uma forma de administração eclesiástica que, não sendo necessária, também não ofende a doutrina.
Hoje em dia, tem sido comum uma nova forma de cisma. No caso, um grupo se separa para homenagear a personalidade de um líder orgulhoso que ter o seu próprio grupo.
Como o cisma tem motivo banal, ele é o crime mais grave. A apostasia, porém, é a situação mais perigosa, pois dificulta o retorno, já que a pessoa abandonou a regra de fé.
O cisma é uma divisão motivada não por doutrina, mas por culto a uma personalidade ou por espírito contencioso. Ela nasce de obras da carne (“inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, invejas” – Gálatas 5: 20, 21). O cisma é blasfemo, pois a igreja de Cristo é dilacerada e entristecida para satisfazer os caprichos egoístas de líderes sem visão espiritual. É um crime, um pecado cometido diretamente contra Deus.
Para concluir meditemos nas palavras de Paulo ao Presbitério da Igreja de Éfeso:
“Porque eu sei isto: que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós LOBOS CRUÉIS, QUE NÃO POUPARÃO O REBANHO. E que, DENTRE VÓS MESMOS, SE LEVANTARÃO HOMENS QUE FALARÃO COISAS PERVERSAS, PARA ATRAÍREM OS DISCÍPULOS APÓS SI. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar, com lágrimas, a cada um de vós.” (Atos 20: 29-31)
Pastor Glauco Barreira M. Filho (17.02.2009)
De fato o cisma é um grande prejuízo para a igreja local.